Dois anos depois do maior incêndio das últimas décadas no Parque Natural Sintra-Cascais, a Câmara de Cascais prossegue a reflorestação, mas pretende desenvolver um plano para recuperar a atividade agrícola naquela zona, disse hoje à Lusa fonte da autarquia.
O Parque Natural Sintra-Cascais (PNSC), no distrito de Lisboa, foi atingido em outubro de 2018 por um incêndio florestal que consumiu perto de 500 hectares.
Em declarações à agência Lusa, a vereadora com o pelouro da Qualificação Ambiental na Câmara de Cascais, Joana Balsemão, referiu que na sequência deste incêndio, “o maior dos últimos 40 anos no concelho”, a autarquia tem levado a cabo uma ação de reflorestação da zona ardida, mas “pretende ir mais além”.
“Desenvolvemos duas linhas de ação. Uma foi a recuperação da zona ardida, portanto, a ferida que ficou na nossa paisagem, e a segunda foi fazer uma reflexão e pensar se nos íamos cingir à zona ardida ou propor uma nova visão para este território”, explicou.
A autarca explicou que a Câmara de Cascais criou uma Zona de Intervenção Florestal (ZIF), com o apoio de alguns proprietários de terrenos que estão inseridos no PNSC, com o intuito de “estabelecer um novo ordenamento e recuperar alguma biodiversidade que ali existiu”.
“Um retorno à terra onde nós, no futuro, podemos imaginar que na serra se produzem produtos como o óleo de zambujeiro, a lã da pastorícia, o queijo, a recuperação das fontes e das azinhagas”, apontou.
Nesse sentido, num horizonte de cinco anos a autarquia de Cascais vai proceder à aquisição de gado, cavalos, vedações e outros artefactos para levar a cabo o plano de recuperação agrícola do PNSC.
“Eu acredito que vamos começar a ver resultados a breve trecho, embora um pouco salpicados, consoante a adesão de cada proprietário. Depois é deixar a natureza funcionar. A natureza tem os seus tempos”, ressalvou.
O investimento previsto pelo município para os próximos cinco anos é de 2,5 milhões de euros, existindo a expectativa da utilização de alguns apoios comunitários.
O incêndio no PNSC deflagrou no dia 06 de outubro de 2018 e mobilizou 800 bombeiros, 220 viaturas e seis meios aéreos.