A água não vai faltar, mas vai ter uma outra distribuição sazonal e interanual e vai passar a ser mais escassa em grande parte do território
“Não é de falta de água que nos podemos queixar. Talvez da sua irregularidade, das cheias catastróficas que ocorrem frequentemente um pouco por toda a parte e das secas severas que condicionam as atividades económicas, sobretudo nas regiões do Sul do País, do desfasamento espacial e temporal entre a oferta e a procura, comuns a outras regiões da bacia do Mediterrâneo.” Foi assim que o meu professor de Gestão de Recursos Hídricos começou a sua primeira aula e é assim que devemos começar qualquer conversa, sem assombros, sobre este assunto.
Em termos médios anuais, existe em Portugal uma disponibilidade média de cerca de 60 mil hm3, face a um consumo de 6 mil hm3 (o equivalente a “dois Alquevas”), excluindo os usos ambientais e não consumptivos (como a hidroeletricidade).
Num elevator pitch descreveríamos assim a situação: os recursos hídricos são relativamente abundantes e o nosso país beneficia ainda de receber caudais provenientes de Espanha. Mas esses recursos estão irregularmente distribuídos no território, com o Tejo a marcar essa charneira: a norte, um País com um cariz atlântico, e, a sul, um território de características mediterrânicas.
Diríamos ainda que a precipitação é muito sazonal e sofre de uma distribuição interanual irregular, com secas e cheias frequentes. E remataríamos lembrando que estamos na bacia do Mediterrâneo, uma […]