Segurança alimentar ou independência no aprovisionamento de bens essenciais não devem ser ponderadas a nível nacional, apenas a nível europeu. O nosso estilo de vida não permite esse retrocesso.
Para os que entre vós já se encontram algo chocados, porventura até exaltados, à conta do título, deixem-me que dirija as primeiras palavras aos bravos, desde médicos a agricultores, que estão na luta ativa contra esta pandemia. Outra para os que estão na menos urgente, mas de modo nenhum menos importante, luta passiva.
A todos, um muito obrigado!
“Never let a good crisis go to waste!” já dizia Winston Churchill, líder fulcral na sua altura, todavia, ao contrário do que outros aventam, pouco para lá do imprestável seria na corrente situação. Porém, a sua mensagem ficou.
Esta mensagem transmite-nos a seguinte verdade evidente: as crises são conjunturas de disrupção e, sem falsos dilemas, a disrupção ou é positiva ou absolutamente trágica.
À falta de conhecimento para análise da possível disrupção a ocorrer noutros contextos e setores – que outros farão melhor do que eu – gostaria de refletir um pouco sobre a Agricultura, aquela atividade que, de uma maneira ou de outra, tem o dever de alimentar até os seus críticos mais acérrimos.
Queria começar por apontar uma divergência deste setor em relação aos outros – a agricultura não pode parar! Se um suinicultor fica meses sem alimentar os seus porcos, em Junho, Setembro ou Dezembro quando se voltar ao (novo) normal, não vão existir porcos. Se um fruticultor dispensar a poda ou uma série de tratamentos fitossanitários nestes próximos meses, também pode, desde já, considerar como perdido todo o capital empatado no pomar. Porcos, maçãs, arroz, milho, vaquinhas (já não tão produtoras de GEE, aparentemente), vinha, tomate… a todos se aplica esta lógica inevitável.
Tal agrava o impacto sobre esta atividade, pois, não podendo parar, ainda assim veem-se sujeitos a quebras de procura, por vezes, tão graves como em qualquer outro setor. Esta característica impede também que câmbios de procura, causados pelas alterações nos padrões de consumo (exº: quase não se come leitão em casa, mas bebe-se mais sumo de laranja), não possam, no imediato, ser acompanhadas pelo lado da oferta.